domingo, 20 de janeiro de 2008

Poder

De tempos em tempos buscamos na lembrança grandes eventos, obras ou personalidades que marcaram a evolução da humanidade. No entanto, os fatos, as pessoas, as obras que marcam são as representantes dos extremos da humanidade, extremos de bem, ou bom, e extremos de mau, ou mal. Todos elegem fatos e personalidades em cada área da vida, destacando o marco destas. Neste artigo, porém, gostaria de destacar o mau e com esta busca aprender o caminho que não devemos seguir, ou em que devemos melhorar para prosseguir nossa caminhada rumo à evolução.
O objetivo disto não é valorizar os aspectos negativos da evolução humana, mas identificar o mau, aquilo que realmente impediu que nos aproximássemos da perfeição. Apesar de ter transcorrido séculos de caminhada rumo à evolução, alguns aspectos negativos de nossa existência permanecem. Ao identificar a fonte, ou essência deste “Mau” poderemos combatê-lo e, assim, chegar a um estágio verdadeiramente superior em nossa evolução.
O filme “Advogado do Diabo” teoriza as nossas fraquezas, apontando a vaidade como sendo o pecado dos pecados. Porém, temos certeza que todos os pecados da humanidade têm sua raiz no poder, inclusive a vaidade. O poder é a fonte de todos os pecados, é o freio da humanidade rumo ao progresso evolutivo. Em nome do poder se cometem as piores atrocidades, para se manter no poder o homem mente, rouba, prejudica o seu próximo, usa as pessoas, usa o sexo, usa o dinheiro, como instrumento de domínio e em seu nome vive a vaidade de ser o centro das atrações.
Segundo o pensamento socrático “as virtudes se identificam com a razão”. “O bem liberta o homem e move suas ação espiritual e completa”. Portanto, “razão e caráter são coisas inseparáveis”. “Ciência e virtude formam uma unidade indissociável”. No entanto, a nossa herança cristã, religiosa, criou a figura do “livre arbítrio”, um dom divino que permite ao homem escolher entre o bom e o mau. Talvez tenha sido inventado para justificar as inúmeras vezes que traímos a nossa razão e mesmo sabendo o que é certo e bom nós escolhemos os processos e ações erradas, optamos pelo mau.
A busca pelo poder e pela satisfação dos desejos individuais, acima de tudo e de todos, pela satisfação de nossas vaidades e de sermos o centro do universo humano, com a justificativa do “livre arbítrio” e a certeza do perdão dos pecados é que constituem o grande mau e continuamos a combater os mesmos erros do nosso passado.
É comum ao ser humano certo dualismo, uma eterna luta entre fazer o que é certo e fazer o que nos é conveniente, muitas vezes são coisas antagônicas. Sabemos que o homem é um ser complexo. Assim, o poder e seus instrumentos (sexo, dinheiro,...) são meios que o homem utiliza para atingir seus objetivos e prioridades, em geral totalmente voltados para a perspectiva individual.
No entanto, este poder, como instrumento, pode ser usado para realizações de grande valor e interesse social e pessoal. Através do poder podem-se modificar as relações econômicas e políticas e melhorar as relações sociais. Para tal, é importante desenvolvermos a consciência crítica e ética sobre tudo inclusive sobre nós mesmos. Precisamos entender que não se é poderoso, apenas se está no poder. É preciso se conhecer verdadeiramente o que é o correto e colocar o poder no seu devido lugar de instrumento perfeito para grandes realizações, para a evolução do homem e para a melhoria do conjunto da sociedade.

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